sexta-feira, abril 29, 2011

Do pó vieste, ao pó voltarás



"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma" Lavoisier dixit.


Bateu as asas furiosamente num derradeiro esforço para evitar o tombo fatal no chão. Não conseguiu. Algo no seu corpo falhou, talvez a alma efémera, e despenhou-se de grande altura sobre as lajes da varanda, onde o seu insignificante, frágil, minúsculo corpo vibrou ainda, zumbindo durante um pouco, deitado sobre as costas, num último e desesperado esforço para se endireitar e voar para longe dali. Foi inútil. O estertor da morte foi implacável.

Encontraram-na no dia seguinte, imóvel, vã, no seu frio leito de morte.


"Do pó vieste, ao pó voltarás" Génesis


José António Baptista

29-04-2011, Oeiras


fotografia: digitalização duma abelha achada morta no chão.


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