por vezes quando alguém perto de mim expressa uma hipocrisia, uma falácia ou uma contradição evidente olho para os desenhos feitos de fios coloridos na toalha da mesa, para as nódoas de vinho em torno do copo, para os restos de frango ou carapau assado dentro do prato, para as migalhas deixadas pela fatia de pão, que todos eles me fitam indiferentes à irracionalidade, à incongruência pseudopensante, à anorexia mental, e rio baixinho. às vezes até acontece virem-me à memória os lógicos, os racionalistas, os dialécticos, os realistas e outros mais que muitos houve que tanto esforço fizeram para dar ao mundo uma forma matricial perfeitamente entendível e compreensível e na qual não existisse lugar a dúvidas ou contradições.
Rio baixinho. É a minha opinião sobre a ideia expressa pelo ente des-ente que desentende...
terça-feira, março 16, 2004
receita rápida para confeccionar um tridente...
em primeiro lugar e antes de qualquer outra consideração ou acção tenha em conta que de acordo com o dicionário, um tridente é um instrumento ou objecto com três dentes. de acordo com esta definição uma pessoa idosa, uma criança ou um animal que só tenha três dentes é um tridente... assim como um alho nas mesmas condições ou um etc.
passemos de imediato à receita:
1. pegue uma fina roda dentada de tamanho médio e seque-a bem seca com um pano que não largue pêlo - pode usar uma das do mecanismo do velho relógio de cuco de parede, herança da sua avó Guilhermina que era casada com o bigodudo tio Albertino que morreu gaseado e maluco na Primeira Grande Guerra na Flandres.
2. com um alicate de pontas de boa qualidade vá removendo os dentes até sobrarem apenas três. pare por aqui senão estraga tudo - muito importante: agarre os dentes firmemente e torça o alicate no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio; se tiver dúvidas sobre em que sentido se movem os ponteiros de um relógio, consulte a edição de Abril de 1934 do Borda d'Água ou, como quem não quer a coisa, pergunte à vizinha mula do 3.º esq., aquela que lhe pediu um ovo emprestado e que nunca mais o devolveu.
3. sirva o tridente num chapéu de palha ou numa frigideira enfeitada a gosto.
4. sugestão do Chef - barre uma tampa de um tacho de alumínio com uma mistura de patè de sardinha com margarina rançosa, coloque o tridente no centro sobre um raminho de coentros, enfeite à volta com beatas de cigarros sem filtro e, se conseguir (talvez num bom mini-mercado chinês), algumas caganitas de ratazana. Acompanhe com um tinto da Bairrada ou com leite magro açoreano.
Bon appétit !
passemos de imediato à receita:
1. pegue uma fina roda dentada de tamanho médio e seque-a bem seca com um pano que não largue pêlo - pode usar uma das do mecanismo do velho relógio de cuco de parede, herança da sua avó Guilhermina que era casada com o bigodudo tio Albertino que morreu gaseado e maluco na Primeira Grande Guerra na Flandres.
2. com um alicate de pontas de boa qualidade vá removendo os dentes até sobrarem apenas três. pare por aqui senão estraga tudo - muito importante: agarre os dentes firmemente e torça o alicate no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio; se tiver dúvidas sobre em que sentido se movem os ponteiros de um relógio, consulte a edição de Abril de 1934 do Borda d'Água ou, como quem não quer a coisa, pergunte à vizinha mula do 3.º esq., aquela que lhe pediu um ovo emprestado e que nunca mais o devolveu.
3. sirva o tridente num chapéu de palha ou numa frigideira enfeitada a gosto.
4. sugestão do Chef - barre uma tampa de um tacho de alumínio com uma mistura de patè de sardinha com margarina rançosa, coloque o tridente no centro sobre um raminho de coentros, enfeite à volta com beatas de cigarros sem filtro e, se conseguir (talvez num bom mini-mercado chinês), algumas caganitas de ratazana. Acompanhe com um tinto da Bairrada ou com leite magro açoreano.
Bon appétit !
onde está o centro do universo?
o universo é infinito mas limitado.
o seu centro, para ser centro, tem que estar à mesma distância de todos os pontos do seu limite.
ora o limite do universo é a velocidade da luz (até ver...)
nada pode passar para lá desse limite e ele está em toda e qualquer direcção a qualquer distância, porque em qualquer direcção e a qualquer distância esse limite não pode ser ultrapassado.
ou seja, esse limite está mesmo aqui ao meu lado, tal como está ao pé da Lua, de Saturno ou em qualquer outro lugar do universo.
logo o centro do universo tem necessariamente que estar em todos os lugares, em todos os pontos do universo!
o universo é o centro de si mesmo.
o seu centro, para ser centro, tem que estar à mesma distância de todos os pontos do seu limite.
ora o limite do universo é a velocidade da luz (até ver...)
nada pode passar para lá desse limite e ele está em toda e qualquer direcção a qualquer distância, porque em qualquer direcção e a qualquer distância esse limite não pode ser ultrapassado.
ou seja, esse limite está mesmo aqui ao meu lado, tal como está ao pé da Lua, de Saturno ou em qualquer outro lugar do universo.
logo o centro do universo tem necessariamente que estar em todos os lugares, em todos os pontos do universo!
o universo é o centro de si mesmo.
fragmento idiota (de ideia)...
uma coisa que os portugueses não conseguem compreender, apesar de estar à volta deles (até nos seus próprios locais de trabalho) e não ser preciso ser 'doutor' para o ver, é que o ser competente numa determinada actividade não implica que o indivíduo o seja em qualquer coisa 'que lhe ponham sobre a secretária'.
e depois temos, p. ex., professores universitários competentíssimos a exercer incompetentíssimamente cargos públicos... e etc...
quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?
e depois temos, p. ex., professores universitários competentíssimos a exercer incompetentíssimamente cargos públicos... e etc...
quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?
Brecht, in memoriam...
a lei fora aprovada quase por unanimidade. e os poucos que votaram contra fizeram-no apenas por isso mesmo. eram do contra.
se já era proibído em transportes públicos, escolas, hospitais e diversos locais fechados, públicos ou privados, agora era proibído também nos locais de trabalho.
alguns meses depois o parlamento aprovou nova extensão da proibição, desta feita referente a restaurantes, cafés, bares, discotecas, snacks e todos os locais de restauração.
não demoraram muito a estender a proibição à rua. ninguém protestou, já estavam habituados.
e todos os condomínios, brilhantemente inspirados, impuseram-na mesmo em toda a área exterior e interior dos respectivos prédios.
as praias, os campos de futebol, salas de bilhar, recintos desportivos, carros, camiões, jardins, parques, rios, lagos, mares, planícies, montes, colinas, montanhas e vales, nada escapou à sanha proibicionista. foi um fartar vilanagem.
o governo fez as polícias instalarem câmaras de vigilância e detectores no interior das residências e das viaturas particulares para garantir que a proibição era total e respeitada. os prevaricadores eram severamente punidos.
nisi credideritis non intelligetis...
se já era proibído em transportes públicos, escolas, hospitais e diversos locais fechados, públicos ou privados, agora era proibído também nos locais de trabalho.
alguns meses depois o parlamento aprovou nova extensão da proibição, desta feita referente a restaurantes, cafés, bares, discotecas, snacks e todos os locais de restauração.
não demoraram muito a estender a proibição à rua. ninguém protestou, já estavam habituados.
e todos os condomínios, brilhantemente inspirados, impuseram-na mesmo em toda a área exterior e interior dos respectivos prédios.
as praias, os campos de futebol, salas de bilhar, recintos desportivos, carros, camiões, jardins, parques, rios, lagos, mares, planícies, montes, colinas, montanhas e vales, nada escapou à sanha proibicionista. foi um fartar vilanagem.
o governo fez as polícias instalarem câmaras de vigilância e detectores no interior das residências e das viaturas particulares para garantir que a proibição era total e respeitada. os prevaricadores eram severamente punidos.
nisi credideritis non intelligetis...
despropósito ou era uma vez o Morin...
o homem é o único ser que destrói outros seres da sua espécie, é verdade.
mas é também o único ser capaz de dar a sua própria vida para salvar a vida doutro ser, da sua ou de outra espécie.
glosando alguém que não aprecio nem um poucoxinho: uma coisa me enche a alma de uma estranheza imensa e de uma admiração e de uma veneração sempre novas e sempre crescentes - o céu ainda estrelado e... 'ainda' sobre mim!
mas é também o único ser capaz de dar a sua própria vida para salvar a vida doutro ser, da sua ou de outra espécie.
glosando alguém que não aprecio nem um poucoxinho: uma coisa me enche a alma de uma estranheza imensa e de uma admiração e de uma veneração sempre novas e sempre crescentes - o céu ainda estrelado e... 'ainda' sobre mim!
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