terça-feira, maio 25, 2004

alucinação

Quais os critérios que me permitem distinguir uma ilusão duma alucinação?

Julgo-me num café em Oeiras.
Olho à volta e vejo o snack, o balcão, as mesas e as cadeiras, a torneira de imperial, a televisão, o mata-moscas eléctrico, as pessoas que cá estão.
Sobretudo reparo nas pessoas.
Umas bebem, outras mastigam, outra fumam.
Como posso saber que não estou na superfície da Lua e que estas pessoas que vejo não são na verdade selenitas com corpos-e-espíritos-lagosta, que me rodeiam, e que é uma substância que existe na 'atmosfera' lunar que me faz vê-las como seres humanos?
E que me faz ver uma rocha cinzenta como um balcão e outras rochas como uma cadeira em que me sento e uma mesa na qual apoio um caderno/rocha em que escrevo com a caneta/cratera em letras/poeira?
Como posso estar seguro de que amanhã não vou acordar, olhar o meu reflexo na superfície vidrada da rocha fundida pela explosão atómica e ver os meus tentáculos e pinças, rubros do sol, agitarem-se descontrolados e histéricos ante a revelação de que Deus não existe?
Como posso ter a certeza de que a dor no cú, do hemorroidal vitimado pelas azeitonas d'Elvas, não é afinal a pressão das ovas a quererem ejacular um grito de liberdade?
Talvez sejamos apenas umas reles lagostas selenitas na desova e alucinadas, porra!

O que explicaria muita coisa...

anónimo

Estava eu postado em sossego ao balcão do Sólarika, a beber uma fresquíssima imperial, quando de mim se acercou um indivíduo, rapaz novo de olhar acutilante e camisa de manga curta, que trazia estampado no rosto o nome Karl. Não falou, não me dirigiu palavra, apenas colocou à minha frente sobre o balcão uma folha A4 com um texto impresso. Olhei curiosamente o papel e quando olhei para o lado, ele tinha desaparecido.
Senti, após ler o texto, que o mesmo me tinha sido entregue com um objectivo bem definido: a sua divulgação. E se ele merece ser lido...
É esse texto que aquele Karl 'anónimo' me entregou que aqui reproduzo:

Como Começou a Filosofia

Estava Sócrates ensinando no Parténon, representando o papel de sua mãe, e perguntou a todos seus alunos e discípulos: "Como começou a filosofia?" Ao que Nietzsche respondeu: "Foi com Tales, torna-te o que és!" Ora Kant que sabia de matemática, apoiado por Heidegger, sintetizou: "Foi com Tales, e o seu teorema!" Mas Heidegger importuno reivindicou um pequeno áparte a Nietzsche em surdina: "Mas Tales caiu num poço à procura do que considerava ser O Princípio Supremo de Todas as Coisas," O contínuo que apagava a cera do quadro riu-se e, no papel da criada de Tales, comentou: "Nem viu a Verdade à frente dos olhos," Mas Nietzsche que estava Para Além do Bem e do Mal, com seu sorriso de maioral, reiterou: "Torna-te o que és!" Pelo que Sócrates, a quem o saber incomodava, resolveu pô-lo fora da aula; a Kant, que falava em sínteses estéticas, num canto da aula cheio de imaginação, com umas orelhas de burro; e a Heidegger a varrer o chão do estrado, cheio de poeira metafísica, o que não agradou aos outros três alunos: Descartes, Platão e Wittgenstein. Pelo que ao chegar um aluno que se tinha atrasado, se fez coro: "Todos perguntam pela Filosofia, e ei-la! Santo Agostinho!" Sócrates que nutria uma especial ternura pela Cidade de Deus, logo comentou: "A Verdade! A Verdade! Ei-la que chegou!" Mas Descartes sentiu ciúmes e bichanando a Platão e Wittgenstein: "Querem ver que o mandrião ainda nos leva a Sabedoria?" E claro, como ainda não se tinha inventado a realidade virtual, pronta e sideralmente foi projectada a Verdade; Santo Agostinho resolveu explicar o motivo do atraso: "Prendi-me a Roma, sou um romano, que querem? A boneca era bonita, mesmo muito bonita! Ali na montra… Sabem… Compreendem?..." Sócrates raso e quase a chorar acolheu-o no seu manto e enxugou-lhe as lágrimas; segredando-lhe: "Larga essa cambada de maricas; apalpa aqui as mamas e confessa-me mesmo por onde andaste." O que fez aumentar a tensão na aula; Wittgenstein, Descartes e Platão foram escrever métodos de aferição da Verdade; Nietzsche acabou perdido num lupanar, e Kant continuou de castigo, enquanto Santo Agostinho foi salvo por intervenção directa de Sócrates junto do Parténon. Conta-se que nessa noite, à luz das estrelas, Sócrates chorava e Santo Agostinho suava, até porque fazia calor, redescobrindo ambos como começou a filosofia: Sócrates exortando: "Apalpa-me o cú fundo!"; e Santo Agostinho confessando: "Ai que me afogo! Ai que me afogo!"

ass.: Anónimo.

hábito

O homem é um animal de hábitos.
Sobretudo de maus hábitos...
É difícil ganhar os bons hábitos. É fácil perder os bons hábitos. É fácil ganhar os maus hábitos. É difícil perder os maus hábitos.
E será mesmo verdade que o hábito faz o monge? Ou será o monge quem faz o hábito? E quem tem um hábito é necessariamente monge? A ser assim, como o homem é um animal de habitos, o homem é inevitavelmente um monge:

Ele tinha um hábito.
Um tanto ou quanto invulgar, é certo, mas na verdade nada de paranóico ou doentio.
Era um hábito incomum mas inofensivo. Tinha o hábito de arrancar um pêlo que lhe crescia de tempos em tempos no orifício da orelha direita, com as unhas em pinça do médio e do polegar.
Mas não era apenas isto. Fazia-o sempre e imediatamente antes de tomar uma bica. E só antes de tomar uma bica.
O hábito não se estendia a nenhuma outra ocasião diurna, nocturna ou de lusco-fusco. Os elementos comuns eram o pêlo na orelha e a bica.
Onde quer que estivesse, com quem estivesse, quando quer que fosse. E se bebesse 8 bicas num dia fazia-o 8 vezes, uma por cada bica (o pêlo era de crescimento acelerado, efeito da toma de vitaminas soviéticas, reminiscências quinquenais estalinistas...)
O hábito tinha uma importância tão grande no seu equilíbrio psicossomático que começara mesmo a ansiar pelo momento de beber o cafézinho, pelo tremendo prazer que lhe dava o pôr as unhas em pinça, agarrar o pêlo o mais fundo possível e dar-lhe o valente puxão que o fazia sair, esfregar as pontas dos dedos para o soltar no chão e dar o primeiro golinho na escaldante biquéfia.

A kierkegaardiana angústia da espera... A chegada do inefável momento... A doce e infantil antecipação do prazer lúdico... A ligeira dorzinha que sentia quando puxava o pêlo.. O renascido arrepio na espinha que parecia um choque eléctrico... O posterior esfumar da emoção... A ânsia da espera e a certitude de nova ocasião...

Ah, como isso o fazia gozar!

quarta-feira, maio 19, 2004

Oh zé, BEM-VINDO à capital!

O Pedro Saloio Lopes veio à tv dizer que a culpa do BENVINDO é de haver muitos brasileiros e ucranianos a trabalhar em Portugal !!!
E que a grande maioria deles não sabe escrever correctamente o português de Portugal !!!
Brilhante !!! P'ra xenofobia e filha-da-mãezice não 'tá mal não senhor.

A pressa em pôr as coisas 'na rua' e o 'despachamessamerda' não é pr'aqui chamada...
O supervisor que aprova a maqueta do trabalho também não é pr'aqui chamado...
O responsável por acompanhar as saídas e/ou ver a colocação também não...
Muito menos o Director de Arte que gere toda a campanha...

Não... o zé é que tem a culpa, chame-se josé, zé carioca ou josevsky ou outra coisa qualquer, que línguas estrangeiras não são o meu forte...
E ficámos também a saber que o tipo que cometeu o erro (não o 'responsável' por ele, mas o que o 'cometeu'...) vai levar um tabefe.
Ou seja, o zé vai ser despedido.

Oh zé, BEM-VINDO à capital do 'eu não tenho culpa'!

PUTA QUE PARIU !!!

quinta-feira, maio 13, 2004

pedagogia paterna

— Oh paizinho, o que era a pide?
— Meu filho, era um grupo de rapazes que gostavam de jogar à bola com as cabeças dos presos políticos.
— Oh paizinho, o que é um preso político?
— ... É o que te vai acontecer se não paras com a merda das perguntas!

terça-feira, maio 04, 2004

vomitorium...

Hoje apetece-me VOMITAR. Então cá vai:

1. O mundo é uma pívia batida sem convicção (auxiliar para os irmãos de terras de Vera Cruz menos familiarizados com o português-português: pívia = punheta; batida = tocada).
2. Ser português é ter o privilégio de pertencer a um povo de putas, mulas, ratas de sacristia, cabrões, paneleiros, maricas e cobardolas (escolha a sua opção).
3. O governo da nação está entregue a um cóio de palermas, eleito pela palermeira. Cada povo tem o governo que merece. E vice-versa, hé-hé.
4. Às vezes sinto vontade de rebentar com esta merda toda...
5. Penso no estado da nação e apetece-me dizer palavrões, foda-se!
6. É ridícula a ilusão de grandiosidade acreditada pelos portugueses e alimentada pelos sabujos da política e do futebol. Puta que os pariu!
7. Tenho que explodir! BUM !!!
8. Os portugueses vivem numa esquizofrenia-histérica da qual não têm percepção ou consciência.
9. Cheira-me que o Isaltino vai ser outra vez presidente da Câmara de Oeiras (reler o vómito n.º 2).
10. As eleições e os seus resultados são a expressão maior do 'atraso mental' dos portugueses.
11. Os portugueses ADORAVAM que houvesse um atentado da Al-Qaeda em Portugal, para o país aparecer nas manchetes de todo o mundo e sentirem-se importantes e que valem alguma coisa aos olhos dos outros!!! Quem não acredita nisto veja a profusão de e-mails a alertarem para a possibilidade (recebi um que dizia para não bebermos Coca-Cola durante o Euro porque...)