sexta-feira, julho 16, 2004

Dois poemas de Herr Karl

O Carlos é um amigo cheio de talento que, entre outras aptidões, se dedica à escrita. É para mim um daqueles exemplos de talento, desperdiçado por um país que persiste no mito de que 'massa cinzenta' é aquela coisa feita com cimento, areia e água, óptima para fazer gaiolas urbanas, pontes, viadutos e auto-estradas...
Porque acredito no talento do Carlos, a quem familiarmente apelido de Herr Karl, aqui deixo dois curiosos sonetos de sua autoria. Ói! Há por aí alguém que o queira publicar ou para escrever?

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Quando a nódoa realmente persiste, há que não
Temer as lixívias fortes. Se não sai, e fica,
Há que não temer um branqueador forte, então.
Neoblanc não chega! Como diz aquela rica:

"Mesmo que faça buraco, ou rompa o calção;
O importante é remover a nódoa! Chica:
Doutra forma o seu filho fará buracão
Na mesma! Assim diz a Tia do Benfica!"

Como vê a Tia do Benfica não teme
Os branqueadores! Usa cáustico! Nem treme!
O seu sobrinho é o Pedro Santana Lopes,

É amigo do Presidente e de Portugal,
Nem sequer foi a votos, e branqueia afinal,
O seu nome que para muitos ainda é o Flopes!

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O Miguel Graça Moura ficou sem emprego.
Com razão! Sem tostão há-de ficar mais teso
O País. Veja-se porquê, mas sem apego:
Porque a cultura aqui não tem um peso!

Quando não sei, não invento! Tenho sossego!
Não sou como o popular bem arreveso,
Que bate na cultura e faz estrafego,
Lendo o jornal com o cigarro aceso!

Poupe-se o povo a saber porque lhe falo
No Maestro Graça Moura! Porque deu estalo!
Não no Pedro, não no Santana, não no Lopes,

Porque isso seria ofender quem usa
Esses nomes: mas crendo na cultura lusa:
Escarrem-lhe na cara, e oiçam-lhe o som Flopes!

CARLOS BUENO, 2004

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