quinta-feira, janeiro 27, 2005

locale fluidu


Paredes brancas. Brancas leitosas, plásticas. Rasgadas aqui e ali por fendas, como raios negros. Manchadas ali e acolá por borrões arroxeados, como cagadelas de moscas gigantes.
Água a escorrer pelas paredes. Borrando os raios. Esborratando ainda mais os borrões.
Uma pequena bola azul rola e rebola de um lado para o outro como empurrada por um gato invisível.
O poço no chão não existe. É pintado. Falso. Trompe-l'oeil.
Assim como a porta metálica. Até a ferrugem e os ferrolhos são a fingir.
A luz vem de cima. De algures. Desmaia e escorre pelas paredes. Desliza acompanhando a água na direcção de onde não pode fugir.

Pantha Rei. Ouve-se ressoar ao longe o eco da gargalhada meio abafada de Heráclito.

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