Estava na hora, no minuto, no segundo, no décimo, no centésimo, no milésimo, no avo. Estava no momentum.
Sentiu o impulso incontornável, electrizante, fremente e vibrátil. A memória do aroma e do sabor fez-lhe eriçar os pêlos da nuca e espreguiçar o pescoço de furúnculos adiados e carótidas obscenamente palpitantes. A fronte encheu-se-lhe de gotículas sudantes. Não podia, não conseguia, não queria, esperar mais.
Como uma fedorenta tainha fora de água, de boca escancarada como se lhe faltasse o ar, caiu de borco. A língua saltou-lhe da boca como se fora um camaleão à cata dum insecto. E como um camaleão revirou os olhos em todas as direcções, sofrêgo, em busca da humidade quente. O véu grosso que se opunha ao desejo partilhado foi escorraçado para uma galáxia a 7 000 anos-luz, ali para os lados do braço de Perseu.
A consumação foi lenta e rigorosa. Metódica. Cirúrgica. O tempo eternizara-se. Simplesmente, ou talvez complexamente (quem o poderia dizer?), trombou. Alto e bom-som troaram as trombetas.
Era um magnífico trombeiro!
"Não é para quem quer mas para quem pode" diz o povo.
"Não é para quem quer nem para quem pode mas... para quem sabe!" digo eu, que gosto de dizer coisas...
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