Esta ideia emergiu subrepticiamente no meu espírito quando vinha na camioneta (subliminaridade do tremor, físico e não kierkegaardiano..., causado pelo 'maxibombo'?)
Estava a pensar naquelas pessoas que dizem que conhecem muito bem uma localidade, zona ou região apenas porque passaram por lá meia dúzia de vezes em viagens de férias ou trabalho.
Passaram, olharam à volta e muitas vezes nem sequer pararam para beber um café ou tirar uma foto do sítio ou passear um pouco pelos 'becos', para reparar no tal pormenor insólito ou característico que não vem descrito em lugar algum.
Ou mesmo para dar dois dedos de conversa com os autóctones e conhecer os seus 'seres e saberes' (onto-antropo fundamental à gnose e ao logos).
Mas dizem que o conhecem muito bem...
Conhecer bem um lugar significa ter vivenciado esse lugar, ter lá vivido durante algum tempo (muito ou pouco é subjectivo e mesmo variável no interior da própria subjectividade do 'ego', ou seja, para o próprio 'o muito de ontem pode ser o pouco de agora'...).
Ter 'saboreado' o lugar com a plenitude do corpo e do espírito.
Ter tido emoções, sensações, visões e paixões nesse lugar.
E essas paixões não terem sido fugazes, de passante e de passagem, mas sim profundas e perenes, daquelas que se gravam a fogo no corpo e na alma como uma tatuagem indelével que um dia volta ao pó connosco.
Ocorreu-me que esta ideia pode ser transposta para o intelectual.
Pode-se ter um 'saber veraneante' de uma ideia, de uma área do conhecimento, de um livro, da arte, da ciência, da religião, etc., do que quer que seja que pertença ao universo da cultura e da intelectualidade.
E há tantos portugueses veraneantes da cultura...
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